Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão ligado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, em Itararé (SP), desenvolveram nova tecnologia para o cultivo da batata. Eles descobriram a eficácia de se usar o broto da batata como semente.
O resultado, que já foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura, aumenta a produtividade e diminui os riscos de vírus e insetos na planta, consequentemente, evita doenças nas plantas.
O pesquisador José Alberto Caram de Souza Dias, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), está à frente dos trabalhos. Segundo ele, o resultado obtido na estação de pesquisa em Itararé chegou após quase 30 anos de estudos. Dias afirma que o broto da batata, antes jogado fora, agora pode ser usado para plantar e conseguir aumentar a produtividade. “De um produto que sempre foi o tubérculo, batata semente, ele passa a ter dois que é o broto daquela semente, daquele tubérculo. Então, sem grande esforço, sem nenhum investimento adicional, basicamente sem nenhum, a não ser a mão de obra para a retirada do broto, você tem esse produto broto como semente”.
O especialista explica que na maneira tradicional de cultivo, o agricultor que planta a batata precisa comprar o tubérculo: que é o legume livre de vírus, para poder realizar o plantio. O produto geralmente é importado ou adquirido de laboratórios que dão a garantia de que o material está livre de doenças. Já a batata produzida a partir do broto, segundo o cientista, mantém a mesma qualidade sanitária e genética do produto importado ou trazido de laboratório, com a vantagem de ter menor custo de produção e transporte, além de evitar a introdução de doenças de solo no país.
Na prática, o produtor que comprava mil caixas de tubérculos com trinta quilos, se decidir aproveitar os brotos poderá comprar 300 caixas e garantir a mesma produtividade. “Você não vai brincar com o investimento alto que é o custo de produção de batata. Hoje, o custo é de até R$ 20 mil por hectare. O broto é levado não para campo, mas para o telado. O telado é um ambiente protegido com uma tela que impede a passagem de insetos transmissores de viroses, principalmente, pulgão e mosca branca”, afirma Dias.
Com o reconhecimento do Ministério da Agricultura, o bataticultor pode usar a tecnologia e ter a assinatura de um técnico que vai garantir a sanidade do produto.
Ainda na estação de pesquisa estão sendo realizados experimentos para produzir novos tipos de batata. O objetivo é desenvolver produtos mais resistentes à doenças do campo. Segundo outro pesquisador do IAC, Valdir Josué Ramos, testes já foram feitos e os resultados foram positivos. “Itararé, na nossa unidade de pesquisa, é o local mais propicio do país para ter essas doenças. Aqui existe muita umidade e chuva que são prejudiciais à cultura de batata. Então, os cultivares estão resistindo”.
Segundo os pesquisadores, países exportadores de batata como a China e Moçambique já estão de olho no potencial desse mercado do broto em forma de semente e já entraram em contato com o IAC para ter mais detalhes da pesquisa.
Fonte: G1